Descida da Imagem do Glória marcou encontro da padroeira da Amazônia com fieis
Cerimônia na Basílica reuniu fieis, representantes e convidados do Clero
Após a Motorromaria, é chegado o quarto grande evento da quadra nazarena na véspera do Círio: a Descida do Glória. Momento de grande emoção para o público que lota a Basílica Santuário, a cerimônia marca o reencontro dos devotos com a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré encontrada pelo caboclo Plácido. Na simplicidade e delicadeza de seus 28 centímetros, ela provoca uma onda de comoção cada vez que é retirada do nicho sobre o altar-mor da Basílica, onde permanece durante todo o ano, para ficar mais perto dos fieis durante os quinze dias da festividade mariana.
Desde o início da manhã, centenas de devotos chegam à Basílica Santuário para participam do louvor e adoração ao Santíssimo, uma preparação para a cerimônia da Descida do Glória. Uma delas foi Márcia Caetano, 39, extensionista rural, que há dois anos acompanha a missa em retribuição às graças recebidas por sua filha, Maria Alice, de um ano e cinco meses, nascida com uma má formação na coluna.
Ela soube do problema ainda aos sete meses de gestação e, desde então, pede à Virgem de Nazaré a cura da filha. "Não sabíamos quais seriam as consequências. Hoje ela está bem melhor e o quadro atual não é nem perto do que os médicos diziam que ia ser. Ela já fica até na posição de engatinhar, o que era imaginável”, contou a mãe. Por escolha dos pais a menina se chamaria Alice, mas, em intenção da Virgem, Márcia decidiu acrescentar Maria ao nome da filha, em agradecimento pelas bênçãos recebidas.
Exatamente às 12h26, a redoma de vidro foi aberta e o manto da imagem original foi retirado, dando início de fato à Descida do Glória. O manto passou de mão em mão, enquanto a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré era cuidadosamente retirada para ser apresentada aos fiéis. Já fora do nicho, a imagem foi saudada pela multidão que lotou a igreja ao som de cânticos marianos.
Momento único
A Descida do Glória simboliza a proximidade da mãe dos paraenses com seus filhos. O ritual se repete desde 1992 e é um dos raros momentos em que a imagem original, encontrada no ano de 1700, deixa o altar-mor da Basílica. Poucas foram as situações excepcionais em que se deu o fato, como na procissão do Círio de número 200 e também durante a visita do Papa João Paulo II a Belém, em 9 de julho de 1980, quando o Sumo Pontífice, da janela do Arcebispado e com a imagem nas mãos, abençoou uma multidão reunida na Praça da Sé.
Atualmente, a imagem só desce em outubro, no período da Festa de Nazaré, e no mês de maio, quando é comemorado o aniversário de elevação da Basílica à Santuário. No resto do ano ela permanece no Glória, sobre o altar-mor da Basílica de Nazaré, em uma redoma de cristal antiprojétil. A peça reproduz uma senhora portuguesa e, nas nuvens onde repousa, vê-se um rostinho de anjo. No braço esquerdo ela traz um menino aparentando a idade de dois anos, que carrega um globo.
Cinquenta anos de história
Em 1969, o Vigário de Nazaré, Padre Miguel Giambelli, decidiu descer a Imagem do Glória para deixá-la no Presbitério, mais próxima do povo, substituindo a imagem do Colégio Gentil Bittencourt. As primeiras remoções se davam sempre às 23h, após a chegada do pároco na Basílica, depois da Trasladação.
Antes, a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré descia do Glória discretamente, com a igreja fechada. Mas, desde 1992, a Basílica Santuário abre as portas para que os fiéis acompanhem este momento especial e tenham a oportunidade de chegar mais perto da imagem da padroeira da Amazônia.
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