Cada promessa guarda uma história de amor

COMPROMISSO – Párocos podem orientar devotos a substituir promessas, mas a maioria vai manifestar gratidão da forma mais similar ao que prometeu

VALÉRIA BARROS
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O promesseiro é uma instituição do Círio. Sacrifício, dor, suor, fé e orações, anjos, partes do corpo em cera por graças alcançadas. Essa atmosfera de emoções transpira gratidão pela cura, pela vida, por um bem, um amor, um emprego, os estudos. Mas como farão os promesseiros para expressar sua gratidão este ano à Virgem de Nazaré?

Vigário Episcopal da Região Santa Cruz, o cônego Ronaldo Menezes diz que os párocos devem instruir os fiéis a substituir uma promessa que não possa ser paga por motivo razoável, por outra ao alcance, sobretudo na dimensão da caridade.

“O que não pode acontecer é descumprimento da promessa”, ressalta.

Marluce Pereira, 74 anos, é legionária de Nossa Senhora de Nazaré há mais de 30 anos. Ela nem sabe precisar as graças recebidas, mas destaca um sonho nos qual uma mulher a avisava que a filha estava em um hospital.

“Acordei e insisti que minha filha não saísse de casa, mas ela não me atendeu. Houve um acidente e ela só não morreu, porque caiu para o lado, evitando que o veículo que bateu de frente com o carro onde ela estava a atingisse violentamente”. Dona Marluce diz que, no seu coração, sabe que foi graça alcançada pela Mãe de Deus.

“Uma pessoa até morreu, mas minha filha só quebrou um dente”. Depois dessa, outras vieram.

“Minha neta, Helena de Nazaré, ficou bastante tempo em UTI e no hospital até completar nove meses. Saiu de lá sem sequelas e ganhou o nome em homenagem à sua salvadora”.

Este ano, o agradecimento é por outra neta, que teve um problema grave nos pulmões aos três anos e foi desenganada pelos médicos.

“Foram tempos difíceis, de muita oração por minha neta Sarah. Todos os anos, levo dois pulmões de cera em agradecimento. Este ano, uns dias antes do Círio, deposito no altar”, garante.

AVÓ

Engenheiro da computação, Gustavo Silva Pinto, 34 anos, recorreu à Virgem para passar na faculdade, se formar, mas principalmente pela saúde da avó.

“Em 2016, descobrimos que ela era renal crônica e precisaria fazer hemodiálise. De lá pra cá já são quatro anos que ela está bem, sem precisar desse procedimento tão doloroso. Então eu acompanho o Círio na corda e ainda trago um pedaço pra minha avó, em agradecimento por sua saúde”, conta.

Como este ano não haverá procissões, Gustavo vai realizar o sonho da avó de visitar a Basílica na época do Círio, com todos os cuidados que o momento exige.

“Imagino que, por conta da programação virtual, eu encontre um momento sem que ela se exponha às aglomerações. E ano que vem, com certeza, estarei na corda. A promessa é até o fim da vida dela”, garante Gustavo.

IRMÃO

A contadora Daniele Alho de Souza, 43 anos, paga promessas a Nossa Senhora desde 2017, quando o irmão dela, Luiz, teve fibrose pulmonar, segundo a médica sem cura.

“Peguei uma imagem que eu tinha de Nossa Senhora e levei pro quarto do meu irmão no hospital e pedi por sua cura. A doença estagnou e hoje ele está bem. Em 2017, fiz o percurso a pé, da Igreja matriz de Ananindeua até a Basílica, com a imagem, em agradecimento”.

Em 2018, ela também agradeceu por uma suspeita de câncer no seio que não se confirmou e este ano a promessa se estendeu ao filho.  

“Meu filhinho, Téo, de 5 anos, teve uma convulsão de quase 10 minutos em abril, em pleno auge da proliferação do Covid-19. Sou muito grata pela vida dele e farei o percurso novamente este ano, tomando todos os cuidados, é claro”, garante a mãe, aliviada.

FILHA

A bancária Priscila Nogueira Alves Begot, 42 anos, fez promessa por sua filha há 12 anos, quando ela nasceu com apenas 29 semanas e passou 48 dias na UTI.

image Priscila e Eduarda (Akira Onuma / O Liberal)

“Prometi caminhar do trevo de Mosqueiro até a Basílica. E assim vem acontecendo todos os anos”.

A promessa inspirou a família e, inicialmente, 10 pessoas a acompanhavam. Hoje, são mais de 20.

“Vêm até amigos de São Paulo. Todos os anos a gente monta uma barraca na BR-316 para servir sopa, mingau, lanche e água aos peregrinos. Os parentes evangélicos ou os que não podem caminhar, ficam na barraca. Não tem vírus que vá nos impedir de cumprir com o prometido”, garante.

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Círio
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