Auto do Círio ganha ruas da Cidade Velha

Para alertar sobre os riscos a que estão expostos os recursos naturais da Amazônia, valorizar a diversidade cultural da região e expressar a devoção à Nossa Senhora de Nazaré, artistas paraenses saíram em cortejo nas ruas do bairro histórico da Cidade Velha, como parte do evento Auto do Círio, no começo da noite desta sexta-feira (11).

Os artistas apresentam o "Vigésimo Quinto Auto do Círio - Ano 2019", com o tema "Maria, Mãe de Todas as Matas". O espetáculo tem as assinaturas do professor-mestre Tarik Coelho, na coordenação geral; do professor-mestre Cláudio Didimano, na direção cênica, e do professor-doutor Miguel Santa Brígida, na curadoria.

"É um cortejo em homenagem a Nossa Senhora, envolvendo expressões artísticas e religiões", afirmou Tarik. A iniciativa do evento é da Escola de Teatro e Dança ETDUFPA) do Instituto de Ciências da Arte (ICA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio da Diretoria de Arte, Cultura, Esporte e Lazer(DACEL), da Pró-reitora de Extensão (PROEX).

Nas ruas

O cortejo saiu por volta das 20h30, da Praça do Carmo, para seguir o itinerário: ruas Dr. Assis, Padre Champagnat /Largo da Sé, Tomázia Perdigão até a praça D. Pedro II, em frente aos palácios Lauro Sodré e Antônio Lemos, local da apoteose e encerramento do Auto. Foram organizadas paradas no trajeto: em frente à Catedral Metropolitana, em frente ao Instituto Histórico e Geográfico do Pará, na frente do Museu do Estado do Pará e no  entorno da Praça Felipe Patroni. Nas paradas, o público pôde conferir encenações e números musicais entre outras atrações.

Entre as atrações do Auto em 2019 estão o Grupo Etnia da Companhia Moderno de Dança; a Paixão de Cristo, do bairro de Canudos; as cantoras Nazaré Pereira, Alba Maria e Cacau Novaes e muitas outras. "São 450 artistas, 150 pessoas na produção e um público previsto de 60 mil espectadores", ressaltou Tarik.

"Eu sou uma árvore na comissão de frente, em uma cena em que é atacada por uma queimada e acaba sendo protegida por Ogum", afirmou a professora de Figurino da UFPA, Cláudia Palheta. O Grupo de Teatro com Bonecos In Bust, Aníbal Pacha, destacou que "essa é uma grande homenagem a Nossa Senhora e serve também para fortalecer a cultura paraense".

Legenda (Elivaldo Pamplona / O Liberal)

Desde o final da tarde, muita gente começou a chegar ao bairro da Cidade Velha para conferir o espetáculo. "Eu saí do trabalho e vim para cá. Venho todos os anos, porque é um espetáculo muito bonito e não tenho coragem de faltar a esse momento", declarou a assistente social Luzia Matos.

Criadores - Como programa de extensão universitária, o Auto do Círio foi criado em 1993 pela professora Zélia Amador de Deus, juntamente com Margareth Refkalefsky, para revitalizar o Centro Histórico de Belém, a partir das festividades do Círio de Nazaré. O Auto é considerado patrimônio imaterial da cultura paraense. Outro fundador do Auto, o professor Amir Haddad, foi homenageado no 25º cortejo.

"Este ano, nós estamos completando 25 anos, é um jubileu de prata, e estamos falando da Nossa Senhora de todas as Matas, Nossa Senhora da Floresta. Então, é importantíssimo para a gente esse Auto agora", afirmou Zélia Amador. "Ele tem um caráter de resistência. Estamos falando da nossa floresta que deve permanecer. A floresta é nossa, ninguém deve destrui-la", observou. "O Auto é uma síntese da cultura do Estado do Pará, e todo ano é isso, nós ficamos muito felizes", acrescentou.

Movimentação próxima ao palco (Elivaldo Pamplona / O Liberal)

Na abertura do Auto do Círio, foi formada uma mesa ecumênica, com a participação de representantes de religiões presentes na Amazônia e personagens do imaginário da região.