Revendedores de gás de cozinha apontam escassez em 7 Estados; Petrobras nega

Reuters

Há uma "escassez" de gás de cozinha em sete Estados brasileiros e no Distrito Federal, diante de uma maior demanda em meio à pandemia do coronavírus, disse à Reuters o presidente da associação brasileira dos revendedores do produto, Alexandre Borjaili.

Ele comentou ainda que há indicações de que o governo e a Petrobras, responsável pelo abastecimento de GLP no Brasil, não estavam preparados para o aumento da demanda do produto.

O abastecimento do chamado Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) está comprometido na Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, segundo levantamento da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR) junto às associadas.

"Não há uma transparência sobre o que a Petrobras está produzindo hoje e o que ela está importando", afirmou Borjaili, cuja associação representa mais de 20 mil revendedores de todo país, apontando também uma falta de transparência do governo para lidar com a situação.

"Há um agravante ainda, a partir de amanhã o governo começa a liberar uma ajuda emergencial a toda a população brasileira, a primeira coisa que vão fazer é comprar alimento e gás. Vai ter um aumento da demanda novamente", disse Borjaili, frisando que não há um planejamento por parte do governo para lidar com a situação.

Uma fonte da Petrobras afirmou que não há escassez de gás de cozinha, conforme relatado pelo presidente da associação de revendedores. E que a companhia está importando volumes acima da média que ainda precisam ser distribuídos pelas outras partes da cadeia.

"O volume de GLP está mais do que adequado para atender a demanda. O que ainda precisa ser otimizado é a logística de internação do produto. Mas isso é tarefa das distribuidoras e revendedores", afirmou a pessoa, que preferiu ficar no anonimato.

"Tem que colocar o guizo no pescoço dos gatos corretos", acrescentou.

Após negar no início desta semana a falta do insumo, o governo publicou uma nota nesta quarta-feira reconhecendo que há impactos no abastecimento de GLP, por um aumento de 23% da demanda em todo o país, "devido ao isolamento social para evitar o coronavírus, com as famílias ficando mais tempo em casa e adotando novos hábitos".

A pasta disse também que a Petrobras antecipou algumas ações para abril, importando volume equivalente a 27,4 milhões de botijões de gás de cozinha de 13 kg e ampliou sua atual infraestrutura de abastecimento.

Segundo o ministério, houve ainda o restabelecimento operacional de um duto que liga Santos à Mauá, acrescentando mais um ponto de entrega de GLP próximo aos principais centros de consumo do país e aumentando a velocidade de interiorização do produto.

Na segunda-feira, no entanto, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, chegou a afirmar em uma videoconferência transmitida na internet que havia oferta suficiente de GLP no Brasil e que ainda via espaço para uma queda adicional nos preços do insumo, reiterou Borjaili.

A afirmação fez com que a Asmirg-BR enviasse ao Ministério de Minas e Energia um ofício onde cobrava respostas.

"Estamos sendo rotulados como 'marginais', a cada vez que publicam que existe gás, tanto o Ministério Público como os consumidores querem entrar nas revendas para conferir, estamos prestes a sermos saqueados até mesmo nos botijões vazios, pela falta de transparência dos órgãos que regulam o setor", afirmou Borjaili no ofício, visto pela Reuters.

As informações sobre a falta de gás de cozinha vêm surgindo desde o final de março, o que levou a Petrobras a anunciar uma importação adicional do produto, após uma corrida às compras do botijão em meio a preocupações com a oferta devido a medidas de controle do coronavírus.

No ofício, a Asmirg-BR pede ainda previsões reais da Petrobras quanto ao refino e quantidade importada "diante da necessidade que o Brasil vive".

Procurada, a Petrobras enviou um posicionamento reiterando que está ampliando o fornecimento de GLP a fim de garantir o abastecimento do mercado e voltou a dizer que "não há risco de falta do produto nem há qualquer necessidade de estocar botijões de GLP".

A estatal ressaltou que o volume total contratado em abril para importação é quase o triplo do usual importado em períodos normais.

A empresa reconheceu ainda que houve uma redução do processamento das refinarias, devido a uma queda da demanda dos demais combustíveis como gasolina, diesel e querosene de aviação, e que a redução da produção de GLP pela empresa está sendo compensada pelas importações do produto.

Questionada se a companhia não poderia aumentar o refino de petróleo, com o objetivo de produzir mais GLP, a fonte disse que isso não valeria a pena, em um momento em que o consumo de outros combustíveis está em queda.

"Se produzirmos mais GLP, vamos ter que produzir mais gasolina, e a demanda de gasolina ainda esta muito baixa. Por isso, agora está valendo mais a pena importar um pouco mais."

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