'Bolsonarianas' caem em golpe e procuram delegacia

O grupo participaria de encontro com a ministra Damares, com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e com integrantes da cúpula de Jair Bolsonaro

Redação Integrada com informações de Metrópoles

Um grupo de 40 mulheres de 11 estados procurou a polícia na quarta-feira (13) para denunciar um suposto golpe. A elas, foi prometido um evendo em Brasília (DF) com a participação de integrantes da cúpula de Jair Bolsonaro e encontro com a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O 1º Congresso Nacional das Bolsonarianas aconteceria nos dias 13 e 14 de novembro. No entanto, nada disso foi cumprido. Acontece que os dias 13 e 14 coincidem com outro acontecimento que impactou na rotina de Brasília: a 11ª Cúpula do Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Apoiadoras do presidente, as "bolsonarianas" lotaram a 1ª Delegacia de Polícia (na Asa Sul) para registrar ocorrência. Todas usavam uma camiseta rosa, customizada para o evento que não existiu.

Elas teriam pago R$ 100 a duas organizadoras pela inscrição e hospedagem, com café da manhã e traslado. O custo da viagem até Brasília ficaria a cargo de cada participante.

O delegado Henrique Pantuzo afirmou que a denúncia será investigada como estelionato, mas outros delitos não são descartados. "Pode ser que apareçam crimes como falsidade ideológica e falsificação de documento particular", explicou.

De acordo com Pantuzo, a presença de integrantes do governo federal foi um chamariz da organização. "Disseram que teria presença de autoridades e da primeira-dama. Não existia nada disso, na verdade. Esse congresso nunca existiu. Elas foram ludibriadas", contou.

Denúncia

Segundo o boletim de ocorrência, as acusadas de aplicar o suposto golpe são duas mulheres identificadas como Giselle Souza Pereira e Alícia Moreno.

Ao menos uma das participantes desconfiou dos benefícios a um preço tão pequeno. "Alícia e Giselle alegaram privilégio por muitos patrocínios para o congresso, sem citar qualquer nome de patrocinador, dizendo que os mesmos não queriam ter seus nomes divulgados", ela descreve em um trecho do BO.

Outra denunciante contou que Giselle cobrou R$ 300 por um quarto de casal para ser ocupado com o esposo. Ao ligarem para o hotel, confirmaram a reserva, mas disseram que as participantes do congresso deveriam pagar R$ 1.150 no momento do check-in.

O registro da Polícia Civil aponta que no contrato haveria uma cláusula a qual indicaria que no caso de vazamento dos dados do acordo, as "bolsonarianas" deviam pagar R$ 100 mil a uma empresa de logística.

As denunciantes contaram que Alícia Moreno teria iniciado, logo após a posse de Bolsonaro, o projeto de agregar outras líderes estaduais para formar um grupo que participaria do 1º Congresso Nacional das Bolsonarianas. A cada líder foi estipulado que captassem através de WhatsApp, no mínimo, 50 mulheres por estado. Dessas, ao menos 20 deveriam participar do congresso. O valor mínimo estipulado seria R$ 2 mil por estado.

Iza Oliveira, ativista e líder do Movimento Amazonas em Ação, disse que muitas vítimas até adoeceram. "Foi um golpe grande para a gente. Pessoas que deixaram a família lá, fizeram dívida", acrescentou.

Ela conta que o cancelamento do congresso foi avisado por por Alícia à 1h de terça-feira (12 de novembro). "Ela mandou áudio dizendo que não era para ninguém sair da sua cidade", contou.

Pedagoga do Espírito Santo, Cláudia Rodrigues dos Reis, disse que oito pessoas do estado acabaram lesadas. O prejuízo correspondeu à transferência de R$ 800, além de R$ 480 para confecção de camisetas.

Os valores foram depositados em conta no nome de Vitória, indicada por Giselle. Após o aviso de cancelamento, as mulheres cobraram Giselle, que prometeu reembolsá-las.

Cláudia afirmou que o grupo vai levar o caso à Polícia Federal. "Disseram que seríamos ressarcidas, mas sumiram. São pessoas de má-fé, estelionatárias, criminosas que usaram nosso emocional para que pudesse aproveitar disso e prejudicar o governo Bolsonaro", apontou.

Prêmio de consolação

As "bolsonarianas" foram acolhidas e guiadas por Kelly Bolsonaro (Patriota), que é suplente na Câmara Legislativa, no que chamaram de "tour cívico". Ela levou o grupo para um encontro com a ministra Damares, que recebeu o grupo e, segundo ela, "deu uma palavra de conforto".

Respostas

Em nota, o Ministério informou que Damares "nunca confirmou presença no evento ou teve qualquer contato com os organizadores".

Procurado, o Palácio do Planalto não retornou contato a respeito da divulgação de que Michelle Bolsonaro participaria do encontro.

A reportagem do Metrópoles tentou contato com Giselle, mas o telefone dela estava desligado. Alícia atendeu e, antes mesmo da identificação da reportagem, disse que retornaria, desligou a ligação e não retornou às outras chamadas.

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