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Amazônia tem o maior índice de queimadas de junho dos últimos 13 anos

Foram registrados 2.248 focos de calor na região, volume que não era atingido em junho desde 2007

Agência Estado

O Brasil fechou junho com o maior número de queimadas na Amazônia dos últimos 13 anos, conforme os dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram registrados 2.248 focos de calor na região, volume que não era atingido em junho desde 2007 e representa aumento de 19,57% em relação ao registrado em junho de 2019, quando 1.880 foram detectados. A situação também preocupa o agronegócio, que teme novamente pela imagem do País no exterior.

Os números colocam em xeque as medidas que o governo tem adotado para evitar que se repita o cenário de desmate recorde do ano passado, que chamou a atenção internacional. Desde maio, o controle do desmatamento saiu do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e migrou para o chamado Conselho Nacional da Amazônia, liderado pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Em uma tentativa de dar uma resposta à situação, o governo iniciou a operação militar Verde Brasil 2. Os resultados da iniciativa, porém, como revelou o jornal Estado de S.Paulo, estão inflados e embutiram operações sem elo com o apoio militar.

O emprego das Forças Armadas na floresta resultou em um custo mensal de R$ 60 milhões, quase 80% do orçamento anual de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas a resposta aos altos índices de desmatamento não chegou. "As queimadas contribuem para as crises globais do clima, da biodiversidade e com a catástrofe sanitária. O Brasil precisará fazer mais, se quiser detê-las", diz Rômulo Batista, da Campanha Amazônia do Greenpeace.

O alerta para o descontrole na Amazônia já havia sido dado há uma semana, quando o Estado de S. Paulo mostrou que os alarmes feitos pelo sistema Deter do Inpe apontavam para novo recorde de desmate - de 1º de agosto do ano passado até 11 de junho deste ano, foram feitos alertas para a derrubada de 6.870 km² de floresta. Entre 1º de agosto de 2018 e 31 de julho de 2019, foram 6.844 km².

Para o secretário executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, os números divulgados ontem são reflexo de uma abordagem permissiva do governo com o tema ambiental. "O governo optou por atacar todos os que defendem o meio ambiente no Brasil e enfraquecer a capacidade do Estado de combater o crime nesta área. O aumento das queimadas e do desmatamento na Amazônia são resultados diretos de um presidente que fez da destruição ambiental uma política de governo", criticou.

Já o consultor jurídico do Instituto Socioambiental (ISA), Maurício Guetta, lembrou que, "no primeiro dia do atual governo, em 2019, retirou-se do MMA a competência expressa para o combate ao desmatamento ilegal e às mudanças climáticas". Na semana passada, um grupo formado por quase 30 instituições financeiras em todo o mundo divulgou uma carta na qual exige que o governo brasileiro freie o desmatamento no País. Para o grupo, a situação cria "uma incerteza generalizada sobre as condições para investir ou fornecer serviços financeiros ao Brasil".

O assunto foi comentado pelos presidentes dos principais bancos privados brasileiros. O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, disse que o tema é o principal "perigo" que ameaça o Brasil. O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, destacou que "todo mundo falava de sustentabilidade", mas que, "de fato, nós temos de reconhecer que fizemos muito pouco em relação a isso".

O diretor executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, lembra que as queimadas de 2019 ecoam até hoje no exterior. "O que vimos em junho certamente será muito mais dramático nos próximos meses, sem uma resposta contundente e eficaz", afirma.

Procurada, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) afirmou que acompanha o tema com preocupação. "Quem queima é criminoso e merece ser punido. A FPA é contra qualquer queimada criminosa e trabalha pela aprovação da proposta de regularização fundiária", disse o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da FPA. "Sem escritura pública e identificação dos ocupantes, criminosos ficam livres para realizar queimadas e causar prejuízos ao meio ambiente, à agropecuária e à sociedade como um todo."

Questionado sobre o assunto, o MMA não se manifestou. Por meio de nota, o Ministério da Defesa informou que a Operação Verde Brasil 2 contabilizou, até o dia 27 de junho, "10.404 inspeções, patrulhas, vistorias e revistas, 104 inutilizações de equipamentos como motores de garimpo, balsas, tratores, escavadeiras veículos, entre outros". "Também foram apreendidas 163 embarcações, 187 veículos diversos, 139 quilos de maconha, 218 quilos de pasta base de cocaína e 24.137 m³ de madeira", declarou.

Segundo o ministério, foram ainda embargados 31.880 hectares de terra e realizadas 133 prisões. "No último fim de semana, foi realizada a apreensão de embarcações com mais de 1.000 toras de madeira", afirmou o ministério. Já a Confederação Nacional da Agricultura não comentou a situação.

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