Prefeitura acusa voluntários de apoio a venezuelanos de estelionato e difamação

Grupo de voluntários nega as acusações e diz que todas as ações são comprovadas com imagens na conta nas redes sociais

Victor Furtado
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O grupo de voluntários Venezuelanos Belém está sendo acusado, pela Prefeitura de Belém, de estelionato e difamação.

Em nota, o executivo municipal afirma ter acionado a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), após descobrir que as doações recebidas não chegavam aos refugiados indígenas da Venezuela. Até o início da tarde, porém, os dois órgãos não confirmaram ter recebido as denúncias.

A entidade nega as acusações e garante que vai se defender judicialmente.

Leia a nota na íntegra:

Estelionato e difamação

A Prefeitura de Belém tomou conhecimento de que uma conta no instagram denominada @VenezuelanosBelem vêm arrecadando doações de alimentos e dinheiro em nome de indígenas refugiados. No entanto, toda a arrecadação não chega para quem é anunciado como destinatário, fato comprovado e que motivou denúncia para que o Ministério Público e a Polícia Civil investiguem o caso.

Diante da denúncia, na última sexta, dia 23, estabelecimentos comerciais cadastrados para receber doações voluntárias abandonaram o projeto. No sábado, equipe da prefeitura comprovou que nenhuma doação havia sido repassada aos abrigos.

#PrefeituraBelém

Funpapa: doações não foram recebidas e grupo pode responder criminalmente

No vídeo publicado pela Prefeitura de Belém, a presidente da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), Adriana Azevedo, refirma que nenhuma doação estaria chegando aos dois abrigos administrados pela prefeitura: um na Avenida Perimetral e outro na Avenida João Paulo II.

"Estão pedindo doações para esses espaços, porque as pessoas lá estariam desprovidas de alimentos, material de higiene e limpeza. Mas essas doações não estão chegando nos espaços da prefeitura. Quem quiser fazer doações, não faça depósitos em contas correntes de pessoas físicas. Procure a sede da Funpapa, na Avenida Romulo Maiorana, entre Vileta e Timbó, nº 1018. Ou procure as mídias sociais da prefeitura e peça mais informações", declarou Adriana Azevedo.

Alcemir Costa, representante jurídico da Funpapa, destaca, no mesmo vídeo, que a fundação detém o monopólio da assistência social no município. Logo, ninguém está autorizado a pedir nada em nome da prefeitura ou da Funpapa em si. Também adiantou que se os problemas persistirem, poderá haver responsabilização criminal.

Voluntários rebatem denúncia da prefeitura

Na nota, a prefeitura cita o perfil @VenezuelanosBelem, no Instagram, que oferece contas bancárias para depósitos e endereços para doações, mas que também exibe vídeos e fotos das ações desenvolvidas pelos voluntários.

Como resposta, o grupo de voluntários — que tem se posicionado de forma bastante crítica em relação à gestão dos abrigos no município, considerando-os como subumanos e superlotados — publicou uma nota afirmando atuar desde 2017 e cobrando por transparência na gestão das verbas recebidas pela prefeitura.

Leia a nota na íntegra:

O grupo Venezuelanos Belém vem, por meio de nota, esclarecer as denúncias feitas pela Prefeitura de Belém na última sexta, 22/11.

O grupo existe desde 2017 e foi formado a partir da vontade de ajudar os refugiadas indígenas venezuelanos, da etnia Warao. Desde então, diversas ações de doação de alimentos e roupas vem sendo feitas aos grupos que chegam, quase que mensalmente, à Belem.

Usamos a nossa conta no Instagram para alcançar mais pessoas que tem, assim como nós, a solidariedade e empatia aos migrantes. É também no Instagram que fazemos toda a prestação de contas das doações que arrecadamos, seja em dinheiro ou alimentos e roupas. Na rede social, publicamos, diariamente as ações que são feitas.

A Prefeitura de Belém tenta, por meio da nota e denúncia, macular a imagem de um grupo que vem prestando auxílio e, em muitos momentos, fazendo o papel que a entidade deveria fazer.

Além disso, o grupo cobra da Prefeitura de Belém a transparência nas ações com os indígenas, seja na qualidade de seus abrigos, que são sub-humanos e superlotados, ou do repasse das verbas recebidas.

Nós, do grupo Venezuelanos Belém, estamos muito tranquilos com as acusações, cientes de que estamos fazendo nosso melhor e de que estamos disponíveis pra qualquer investigação e esclarecimentos!

Nossa equipe jurídica está munida de provas das nossas ações e tbm de ter abrigado indígenas nos meses de Abril a Julho.

Atenciosamente,

Assessoria de Imprensa @venezuelanosbelem

Denúncias ainda não chegaram à PC e MP

Na nota publicada na página da prefeitura, no Facebook, na manhã desta terça (26), a prefeitura afirma que "...toda a arrecadação não chega a quem é anunciado como destinatário, fato comprovado e que motivou denúncia para que o Ministério Público e a Polícia Civil investiguem o caso".

Por telefone, até o início da tarde desta terça (26), nem a Polícia Civil e nem o MPPA confirmaram ter recebido as denúncias. E um dos representantes do grupo, também por telefone, afirmou que o Venezuelanos Belém não recebeu nenhuma notificação.

"Diante da denúncia, na última sexta, dia 22, estabelecimentos comerciais cadastrados para receber doações voluntárias abandonaram o projeto. No sábado, equipe da Prefeitura comprovou que nenhuma doação havia sido repassada aos abrigos", garantia a nota da Prefeitura de Belém.

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