Pontos de lixo dão lugar a jardins e espaços de lazer em Belém

Espaços públicos, antes tomados por sujeira e entulhos, são transformados em áreas com plantas decorativas

João Paulo Jussara

Vários pontos de descarte irregular de lixo em Belém estão sendo transformados em jardins e espaços de lazer para as comunidades. No sábado passado (28), alunos do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural do Pará (Ufra) revitalizaram uma área de mais de 100 metros na avenida Perimetral, esquina com a passagem São Luís, no bairro da Terra Firme. Iniciativas do tipo vêm se expandindo por vários bairros da capital, e cada vez mais moradores têm usado essa estratégia para acabar com lixões a céu aberto.

Lúcia Cruz é vendedora e mora na avenida Perimetral, em frente ao campus Belém da Ufra, há 39 anos. No sábado passado, quando ela saía para trabalhar, teve uma agradável surpresa. O lixão a céu aberto que há décadas incomodava a vizinhança estava sendo retirado, e a área, que antes era tomada por muita sujeira e entulho, estava sendo revitalizada com mudas de plantas ornamentais colocadas sob pneus coloridos, canteiros feitos com garrafas pets e vasos decorativos.

image Na avenida Perimetral, em frente à UFRA, o lixão à céu aberto deu lugar ao jardim colorido (Akira Onuma - O Liberal)

De acordo com a moradora, roedores, baratas, e muitos urubus ocupavam o espaço, que era usado como ponto de descarte de lixo por moradores de vários outros bairros. "Vinha gente de muito longe jogar tudo que é tipo de porcaria pra cá, até cavalo morto a gente já viu. Era horrível", contou Lúcia.

Agora, com um belo jardim colorido na calçada, o filho da vendedora, de apenas 12 anos, costuma brincar entre as plantações. "Parece até um sonho", disse ela. "Eu sempre esperei pelo momento em que não precisaria mais passar todo dia por esse lixão, e agora, além dele não existir mais, ainda tem esse espaço lindo".

O trabalho de paisagismo foi feito por cerca de 80 alunos do curso de Agronomia da Ufra, sob a coordenação do professor Luiz Augusto de Sousa, e levou todo o mês de setembro para ser desenvolvido. Primeiro, os estudantes fizeram a limpeza do local, retirando o lixo, entulhos, resto de plástico e outros objetos. Depois, eles fizeram o trabalho artístico, montando os vasos e as peças decorativas, e finalizaram com a plantação das mudas de plantas ornamentais.

"Eu só tenho a agradecer por essa iniciativa. Os moradores foram os mais beneficiados", afirmou o autônomo Naércio Araújo, que mora há 45 anos na avenida Perimetral com a passagem São Luís.

image Os jardins deram um novo visual aos espaços que antes eram ocupados por lixo e entulho (Akira Onuma - O Liberal)

Na avenida B, esquina com a Rua da Mata, atrás do Cemitério da Marambaia, alguns moradores também tentaram revitalizar o lixão que se formou há anos no local. Eles retiraram os entulhos e colocaram dezenas de pneus com mudas de plantas.

Dois meses depois, o canteiro permenece no local, porém, as pessoas continuam jogando lixo por cima. "É uma pena. Era um projeto que tinha tudo pra dar certo, mas as próprias pessoas que moram por aqui não têm consciência, não colaboram. Se todo mundo não fizer sua parte, não adianta", reclamou o aposentado Hidelmar Almeida.

Já na avenida João Paulo II, no bairro do Curió Utinga, os moradores, em parceria com a prefeitura, revitalizaram toda a calçada, que antes era um lixão, desde a passagem Bartolomeu de Gusmão até a passagem Elvira, há três meses. Lá, a iniciativa deu tão certo, que além de não haver mais descarte irregular de lixo, moradores usam o espaço para lazer e costumam tirar várias fotos por ali.

"Essa iniciativa mudou a nossa vida pra melhor", revelou o pedreiro Eliseu Sidomar, morador do bairro há quase 50 anos. "Antes, a gente não conseguia nem passar por aqui andando, por causa do cheiro. Hoje, todo mundo vem, para, conversa, tira foto. Belém precisa de mais projetos como esse".

AÇÃO

Em nota enviada à reportagem, a Prefeitura Municipal de Belém informou que o trabalho de eliminação de pontos críticos está entre as ações de limpeza desenvolvidas por meio da Secretaria de Saneamento (Sesan).

De acordo com a prefeitura, somente este ano, mais de 80 pontos críticos foram eliminados, sendo que a maioria dos pontos foi transformada em áreas verdes com o apoio da população. 

Avenida Tamandaré com rua do Arsenal, Bernardo Sayão com Caripunas, Vila da Barca, no Telégrafo e João Paulo II no Curió, foram alguns dos pontos críticos que viraram jardins.

"A Prefeitura ressalta que apoia todo o tipo de iniciativa de moradores que estão transformando pontos de lixo em áreas verdes. Qualquer pessoa pode ajudar em ações de plantio na capital com o apoio dos órgãos competentes. A Semma pode fornecer mudas, arbóreas e mão-de-obra e a Sesan faz a limpeza da área", finalizou a nota.

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