Operação retira 1.344 famílias de residencial em Ananindeua

Polícia chegou às 5h ao conjunto do Minha Casa Minha Vida. Ação durará 5 dias

Dilson Pimentel
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Ocorre desde as primeiras horas da manhã desta segunda (11) a retirada das 1.344 famílias que moram irregularmente no residencial Pouso do Aracanga, no bairro Águas Brancas, em Ananindeua. A Polícia Militar foi acionada às 5h para a retirada, com intuito de conter possíveis resistências dos moradores durante a desocupação. Veja imagens:

O residencial Pouso do Aracanga é um empreendimento do programa Minha Casa, Minha Vida. O conjunto foi ocupado em abril de 2017 por aproximadamente 1.344 famílias, após passar um ano com as obras paralisadas - depois que o Ministério Público Federal (MPF) descobriu supostas irregularidades no sorteio dos contemplados realizado pela Prefeitura de Ananindeua. As famílias estão divididas em 336 blocos, totalizando 5.376 pessoas.

Em 2018 a Caixa Econômica Federal entrou com uma ação pedindo a desocupação da área. Porém, as famílias seguiam resistindo no residencial até hoje. A defesa dos moradores deixou o caso após a ação ser perdida em instância em Brasília e a desocupação ser definida para a partir desta segunda (11).

No dia 1 de julho deste ano a Quinta Vara de Justiça Federal do Pará já havia decidido anular a antiga lista sorteada pela Prefeitura de Ananindeua com beneficiários do empreendimento para que fosse reavaliado o cadastro do conjunto. Em audiência com moradores, a Justiça determinou ainda que a Secretaria de Habitação de Ananindeua fizesse um levantamento socioeconômico de todos os moradores da ocupação em até 60 dias.

Vários caminhões pequenos estão nesse momento no residencial para fazer as mudanças dos moradores. Inácia Sena da Fonseca, 61 anos. Veio de Vigia, onde não tinha mais onde morar. "O pessoal me ajudou na mudança pra cá. Agora, não tenho pra onde ir. Não tenho dinheiro nem para pagar o frete", afirmou ela, que morava com a filha e o genro. "Não tenho pra onde ir. Vou ficar aqui", chorava. Veja os depoimentos:

"Me espantei com o helicóptero. Pra que esse tanto de Polícia? Lá fora, as pessoas pensam que somos bandidos", disse Raimunda de Nazaré da Silva, 60 anos, que morava no local há oito meses. Ela morava com o cachorro 'Bidu'. "Tirei ele daqui. Mandei ele pro Curuçambá, pra ele não ver esse sofrimento. Ele é muito sensível", afirmou. "Ainda tenho esperança de ter minha casa. Tenho fé em Deus", afirmou ela, que tem "problemas no nervos" e depressão .

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) confirmou que coordena a operação que cumprr o mandado judicial de reintegração de posse do conjunto habitacional Pouso do Aracanga. A operação iniciou ainda às 5h, e deve seguir até a próxima sexta-feira (15), confirmou a Segup.

Polícia fica esta semana no residencial


Mais de 750 agentes de segurança, entre policiais militares do Comando de Missões Especiais (CME), Batalhão de Choque, Comando de Policiamento Especializado (CPE), Policiais Civis, Bombeiros Militares, Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal, além de funcionários da Caixa Econômica Federal, Concessionária de Energia - Celpa, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Secretaria Municipal de Habitação, oficiais de justiça, entre outros órgãos, atuam na operação, diz a secretaria. O secretário de segurança pública, Ualame Machado, comentou a operação, comentando que não houve resistência e que algumas das famílias retiradas estão entre contempladas inicialmente pelo programa. Ainda assim, todos precisam sair do imóveis. Ouça:

São empregadas também 148 viaturas, entre veículos quatro rodas, motocicletas, micro-ônibus e ambulâncias, destacando 50 caminhões para fazer o transporte dos pertences dos moradores irregulares. O Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp) também será utilizado na ação, com duas aeronaves.

Assim que as unidades forem desocupadas, a Celpa irá fazer o desligamento de energia elétrica. Segundo a Segup, a operação permanecerá no local por cinco dias para evitar que haja reocupação dos imóveis. O comandante da PM, coronel Dilson Júnior, confirmou que apesar da operação estar prevista até sexta, a polícia pode permanecer no local por mais tempo, até quando for necessário. Ouça:

Para isso, seis barracas são instaladas para abrigarem os agentes envolvidos na operação. Refletores serão instalados para iluminar as áreas próximas às barracas. Em uma delas será montado um posto de comando.

A Segup diz que as famílias tiveram desde o dia 22 de outubro para desocupar voluntariamente o espaço. Até agora 74 famílias já deixaram o local de forma espontânea, desde que receberam a ordem judicial de desocupação dos imóveis.

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