Museu marca 10 anos do Centenário da Assembleia de Deus

O Museu Nacional da Assembleia de Deus, em Belém, foi inaugurado neste sábado (19). O evento ocorreu pela manhã e fez parte das comemorações do aniversário de 110 anos da igreja pentecostal no Brasil, que foi fundada em Belém do Pará pelos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren. A Redação Integrada de O Liberal teve acesso exclusivo ao espaço.

Anteriormente localizado no bairro da Campina, onde funcionou entre 2011 e 2020, o museu foi agora transferido para o bairro de Nazaré. Fica em um prédio histórico que foi revitalizado. O espaço reúne peças que marcaram mais de um século de história da igreja e que estão disponíveis para visitação pública.

São documentos, livros, artefatos de culto, instrumentos musicais, peças de uso pessoal, pinturas e fotografias que traçam uma linha do tempo da Assembleia de Deus não só em Belém, mas no Brasil e no exterior. A igreja possui 540 unidades em Belém, 4.800 no Pará e mais de 110 mil templos no Brasil. O espaço conta ainda com materiais cedidos pelas famílias dos primeiros pastores e pela própria comunidade da igreja, reforçando o caráter colaborativo do espaço.

O pastor Philipe Câmara mostra a linha do tempo da Assembleia de Deus (Ivan Duarte / O Liberal)

Para o pastor Philipe Câmara, mais do que preservar a história da denominação pentecostal e das pessoas que ajudaram a igreja a se tornar uma das maiores do mundo, o museu também propõe uma reflexão sobre o passado e a importância de se inspirar nele para construir o futuro.

"Um dos segredos de uma igreja grande é preservar sua história e identidade, sem deixar de apontar para frente. Um povo sem história é um povo sem identidade. A geração mais nova deve conhecer de onde viemos e nossas origens, até no sentido de se orgulhar do que Deus fez. Em um local simples como o nosso, dois estrangeiros de 27 e 24 anos sem saber o idioma e sem dinheiro no bolso, construíram uma igreja com mais de 27 milhões de membros", avalia ele, ao lembrar que as igrejas precisam encontrar um equilíbrio entre as gerações mais velhas e mais novas. 

Um rico acervo da história da igreja

Entre as peças está a primeira edição da partitura da Harpa Cristã, o hinário oficial das Assembleias de Deus no Brasil, lançado em 1922 e que conta atualmente com 640 hinos. Inicialmente foi composto pelo missionário Samuel Nyström e posteriormente traduzido e editado pelo pastor Paulo Leivas Macalão.

No museu também estão guardadas peças como baús dos missionários Samuel Nyström e Nels Nelson, jarra litúrgicas raras utilizadas em cerimoniais, exemplares dos primeiros suplementos bíblicos da Escola Dominical, contrabaixo acústico da primeira orquestra da Assembleia de Deus em solo brasileiro e telas em óleo originais.

O acervo conta também com a bússola do barco Boas Novas, ofertado em 1914 por um fazendeiro no Marajó, onde foi estabelecido o primeiro trabalho missionário itinerante de Daniel Berg após chegar em Belém. 

Imagem do primeiro templo da Assembleia de Deus (Ivan Duarte / O Liberal)

O barco foi o primeiro meio de transporte utilizado para evangelização pela Assembleia de Deus no Brasil e hoje dá nome a emissora de televisão da igreja, que transmite cultos e entrevistas com sinal aberto em diversos estados brasileiros.

Para Câmara, o museu representa não só a persistência e expansão da igreja, mas também a adaptabilidade da fé cristã, que foi testada ao longo do último ano por conta da pandemia de covid-19.

"Estamos sempre pensando no que podemos fazer a mais, isso é pensar no futuro. Zeramos a demanda de leite materno na cidade com uma missão nossa, trabalhamos no acolhimento de venezuelanos [da etnia Warao, refugiados na cidade]. Essa capacidade de se adaptar necessita de rapidez. Não sabemos nunca o que o futuro irá nos trazer, mas precisamos estar sempre preparados. Nossa igreja sente o que Deus precisa e nos adaptamos rápido", afirma.