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Livro reconstitui importância histórica da UFPA

Maior instituição de ensino superior do Norte do país enfrentou tentativas de privatização e venceu outras ameaças, em mais de seis décadas de história

Dilson Pimentel

Reconstituir e publicizar a história de uma instituição que é fundamental para a sociedade paraense, para o Brasil e para o mundo: é como resume o diretor-geral da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Pará (Adufpa), Gilberto Marques, ao se referir ao lançamento de um livro sobre a UFPA, considerada por ele a principal e maior instituição científica  da Amazônia brasileira. "E a Amazônia brasileira é uma região fundamental para o mundo diante de todos os problemas ambientais que nós enfrentamos no mundo. Produzir conhecimento aqui e para Amazônia é fundamental para nós contribuirmos com a dinâmica não só da região, mas do Brasil e do mundo. Esse livro mostra a importância dessa instituição científica”.

Segundo o Anuário Estatístico de 2020, a comunidade universitária da UFPA soma mais de 60 mil pessoas, entre discentes, docentes e técnico-administrativos. Fundada em 1957, a maior instituição de ensino superior do Norte do País enfrentou muitos ataques e tentativas de cobranças de mensalidades e privatização. Entre 1990 e 2018, mais de 100 mil profissionais com graduação saíram da UFPA. Somente em 2019, foram 1.210 dissertações e 385 teses de doutorado defendidas.

Lançado na última quinta-feira (6) pela Adufpa, em um evento virtual, o livro “UFPA: Pública e Gratuita” mostra que a história da Universidade Federal do Pará foi construída também pela luta de professores, alunos e técnicos administrativos desde sua origem até os dias atuais. Foi o próprio presidente Juscelino Kubitscheck quem sancionou a lei nº 3.191/57, aprovada pelo Congresso Nacional, criando a Universidade do Pará, atual Universidade Federal do Pará (UFPA). Kubitschek esteve presente no Theatro da Paz para o ato de instalação da UFPA, em 1º de fevereiro de 1959, nomeando também o reitor, professor Mário Braga Henriques, da Faculdade de Direito.

image A UFPA foi instalada oficialmente em 1º de fevereiro de 1959, em cerimônia realizada no Theatro da Paz, com a presença do presidente Juscelino Kubitschek (Divulgação / UFPA)

Golpe de 1964 gerou processos de intimidação e perseguição na UFPA

Assim como nas demais universidades públicas do País, o golpe de 1964 gerou processos de intimidação e perseguição na UFPA. Estudantes e professores da UFPA sofreram diversas formas de repressão. A universidade se viu em meio às políticas definidas para a Amazônia: colonização, federalização das terras da região, obras de infraestrutura e grandes empreendimentos energético-minerais, respondendo aos interesses do latifúndio e do capital nacional e transnacional, posicionando a comunidade acadêmica ao lado dos movimentos sociais. 

Foi nesse momento conturbado e de resistência da história brasileira que, em 1979, também foi fundada a Associação dos Docentes da UFPA (Adufpa). Com o lema “Educação pública: direito de todos e dever do Estado”, desde então a Adufpa tem sido uma referência na defesa da universidade pública e do direito de trabalhadoras e trabalhadores. “Em um momento de enormes dificuldades e desafios, a Adufpa organizou este estudo, que resgata a história da UFPA e apresenta um conjunto de dados que comprova sua importância social para a sociedade paraense e amazônica, consolidando-se como uma das maiores universidades públicas do Brasil e importante centro produtor e difusor de conhecimento científico e de crítica social”, resume o diretor-geral da Adufpa, Gilberto Marques. 

O livro “UFPA: Pública e Gratuita” é assinado pelos professores Gilberto Marques, Indira Cavalcante da Rocha Marques, Marcelo Bentes Diniz, Márcia Jucá Teixeira Diniz, Luciene das Graças Miranda Medeiros, José Queiroz Carneiro e Mariana Rocha Marques. A editora é a Paka-Tatu e a versão em PDF para download ficará disponível no site da Adufpa (https://adufpa.org.br/). A publicação impressa será disponibilizada para os associados da Adufpa, entidades sindicais e populares e bibliotecas da UFPA e de instituições públicas. 

image Atualmente, a UFPA tem em torno de 55 mil alunos, entre graduação, pós-graduação, ensino básico, técnico e tecnológico (Divulgação / UFPA)

Os dois hospitais da UFPA realizam mais de 220 mil consultas e cinco mil cirurgias por ano

Diretor-geral da Adufpa, Gilberto Marques disse que, para além da contribuição científica no geral, a UFPA tem uma contribuição muito específica para a região. “Os dois hospitais da Universidade realizam mais de 220 mil consultas por ano e algo próximo de cinco mil cirurgias a cada ano”, afirmou. Ele também comentou sobre o papel da UFPA em um cenário de pandemia e negacionismo.

“Primeiro, esse papel é de evidenciar a importância da ciência para resolver os nossos problemas sociais. Não qualquer ciência. Mas a ciência comprometida com a resolução das nossas grandes contradições sociais. Essa é a principal postura que a Universidade Federal do Pará tem que ter diante da pandemia e do negacionismo. E, por conta disso, impulsionar as reivindicações imediatas por vacinação para todos, por investimento em ciência, em tecnologia. Investimento social propriamente dito, que possa nos ajudar a construir um futuro de esperança e não um futuro tenebroso, que é o que se apresenta hoje no Brasil e na região também como um todo”, afirmou.

Gilberto também falou sobre a UFPA do futuro. “Tem que olhar com esperança, de que vamos construir uma instituição mais sólida ainda, mais sedimentada, mais vinculada à região e uma instituição mais ampla e mais profunda”, disse. “Hoje, a UFPA tem em torno de 55 mil alunos, entre graduação, pós-graduação, ensino básico, técnico e tecnológico. No vestibular, a gente saiu de 2.490 vagas ofertadas e, em 2021, superamos a casa de 7.300 vagas ofertadas no vestibular”, ponderou. “É bastante significativo. Mas, se pegarmos os dados de 2020, em que foram 7.143 vagas ofertadas, mas 39.258 candidatos alcançaram notas para serem aprovados no vestibular e não foram. Essa é uma demanda que não conseguimos suprir.

Gilberto afirmou que a UFPA, no presente, já é uma instituição muito sólida. “Em 2019, foram quase 5 mil artigos publicados e 1.374 projetos de pesquisa em execução. É importante. É sólido. Mas, para o futuro, precisamos de mais. Apesar de ser muito expressivo, para o futuro ainda é insuficiente diante das necessidades da população regional. No  futuro, queremos uma instituição ainda mais comprometida para resolver os problemas sociais e socioambientais que vivemos e que nos ajude a superar as contradições. Para isso, tem que ser uma instituição com profunda produção científica, mas mais profunda ainda a cara de povo que tem que ter essa instituição.

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Belém
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