Hospital Ophir Loyola recebeu 489 casos de câncer de colo de útero em 2018

O Hospital Ophir Loyola, referência no tratamento de câncer no Estado do Pará, recebeu 489 casos de câncer de colo de útero em 2018. Foram internados 315 pacientes com a doença. 27,9% dessas mulheres assistidas apresentava idade entre 40 e 49 anos; 26% correspondiam a idade de 50 a 59 anos; e 23,5% eram mulheres com mais ou igual a 60 anos. Janeiro é o mês de conscientização sobre essa tipo de câncer, que mostra que a prevenção é a melhor forma de evitar a doença. 

Segundo o médico Celso Fukuda, especialista de Oncologia e Ginecologia do Hospital Ophir Loyola, 70% das mulheres que são assistidas não têm informação, possuem múltiplos filhos e são de baixa renda. "O perfil dessas pacientes mostra que elas não fazem preventivo, não se previnem. É necessário um acompanhamento controlado, e não só espontâneo. Muitas das vezes essas mulheres nunca fizeram um preventivo e há várias razões por trás disso, como a falta de informação", afirma. 

O especialista afirma que o câncer de colo de útero pode ser prevenido. "Uso de preservativo durante as relações sexuais, exames preventivos e vacinação contra Papiloma Vírus Humano (HPV), que é a principal causa são os cuidados necessários. A vacina trás diversos benefícios e o foco são mulheres de 9 a 26 anos porque torna-se mais eficaz. É preciso entenderem que a vacina é importante e uma forma de abrangência é a orientação escolar", afirma. 

O câncer do colo de útero é um tumor. O médico explica que as células crescem desordenadamente, podendo se expandir para outros lugares, sendo isso a metástase. "Quando a pessoa faz o preventivo e algo alterado é detectado, solicitamos outros exames como colposcopia, por exemplo", explica. Após o diagnóstico, optá-se por dois tratamentos dependendo do caso: a radioterapia ou a cirurgia. "Quando não dá para operar, é preciso fazer a radioterapia. Em algumas vezes é necessário o acompanhamento de quimioterapia. O importante é o diagnóstico precoce, por isso, a necessidade de acompanhamento e prevenção". 

De acordo com as estimativas de incidência para cada ano do biênio 2018-2019, no Brasil, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo de útero está na terceira posição de tipo de câncer com maior ocorrência no país. Segundo o levantamento, estimam-se 16.370 novos casos, que corresponde a um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres. Ainda segundo a estimativa, a região com mais incidentes é o Norte, com 26.62 casos a cada 100 mulheres, seguido pelo Nordeste, como 20,47 casos e Centro-Oeste, atingindo 18,32 casos a cada 100 mil.     

Sâmia Borges, diretora técnica da Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa), responsável pela Diretoria de Política de Atenção Integral de Saúde (DPAIS), diz que o órgão faz um trabalho intenso nas unidades de atenção primária dos municípios. "Realizamos curso de atualização e capacitação aos profissionais e campanhas de conscientização às mulheres. Nosso objetivo é fortalecer a atenção primária para dar mais informação e acompanhamento ao público alvo porque os números mostram que é preciso sensibilizar ainda mais elas, principalmente na faixa etária de 25 a 69 anos", afirma. 

A diretora explica que as unidades de saúde possuem dois modelos. Um funciona de modo que o usuário vai até a unidade a procura de atendimento e o outro é baseado na Estratégia Saúde da Família. "Neste segundo modelo, cada agente de saúde é responsável por 750 pessoas, que formam as micro áreas. Essas por sua vez compõem as áreas para formação das unidades básicas de saúde. Os agentes comunitários de saúde fazem visitas domiciliares a partir de uma delimitação territorial, onde são vistas as características epidemiológicas do local. A partir disso, os agentes passam a acompanhar as famílias e realizar o atendimento necessário, como coleta da amostra do exame preventivo do câncer de colo do útero (PCCU). Além de fazermos a coleta, garantimos o tratamento", explica.