Desabamento de estrutura de proteção em condomínio deixa moradores assustados

Corpo de Bombeiros esteve no local e informou necessidade de 'perícia aprofundada'

João Thiago Dias

A estrutura de proteção de uma obra desabou, na tarde desta sexta-feira (1º), por volta das 15h30, em uma das torres do Condomínio Jardim de Provence, na Avenida Augusto Montenegro, bairro do Parque Verde, em Belém. Não houve vítimas, mas, de acordo com alguns moradores, o medo e a revolta são grandes diante das condições inadequadas da obra, realizada, desde abril deste ano, pela construtora Cyrela, responsável pelo condomínio.

De acordo Rômulo Souza, membro da comissão representativa e administrativa do condomínio, a construtora está trocando todo o revestimento de todas as torres do subcondomínio, e o incidente ocorreu com a estrutura de bandejamento, na torre D, chamada de Saint Remy/Arles, ao lado da brinquedoteca. "O Corpo de Bombeiros esteve no local e informou que necessitaríamos de uma perícia aprofundada para averiguar se a estrutura montada é adequada para a continuidade da obra", informou.

Ele explica que a decisão administrativa foi de paralisação momentânea para regularização da estrutura de bandejamento de proteção e apresentação dos devidos documentos técnicos. "A nova gestão, que assumiu há 23 dias e que não é a mesma que autorizou o início da obra, tomou as medidas cabíveis: paralisou a obra, temporariamente, para que a construtora faça os devidos ajustes técnicos e regularização documental necessária para a continuidade da execução", disse.

Ainda segundo o representante da administração, a Cyrela ainda não se manifestou após o incidente, mas foi assinado, em conjunto com um representante do Corpo de Bombeiros e o engenheiro responsável da construtora, um termo de compromisso. "Em que solicitamos a realização de serviços de reparos emergenciais, com escoramento e tapumes para isolamento, bem como a apresentação, por parte da construtora, de documentos legais inerentes à obra, que até o momento a empresa Cyrela não apresentou", garantiu Rômulo Souza.

image Bombeiros estiveram no local (Divulgação)

Erika Farias, moradora da torre D, relatou a insatisfação que tomou conta da vizinhança. "Ficamos todos apreensivos e aborrecidos com os transtornos dessa obra", disse, acrescentando que já existe um histórico ruim. "Já houve alguns acidentes anteriores no condomínio. Na semana passada, um dos suportes da bandeja que fica em frente ao parque infantil já havia desabado. Inclusive, a tela de proteção que eles usam é inapropriada", contou.

"Na verdade, esse de hoje (sexta) foi o terceiro incidente. Foi o segundo nessa torre onde moro. Mas já houve um acidente envolvendo veículos na torre Cannes. Caiu uma estrutura em cima de alguns veículos e estes tiveram que ser consertados pela construtora. Além disso, não tem placa do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea/PA) na obra e a empresa não entregou nenhum laudo", concluiu Erika. 

Quem também relatou o caso se recuperando do susto desta sexta foi o morador da torre B, Tiago Araújo. "Nem posso dizer que foi uma surpresa. Me deparei novamente com um desabamento da área de proteção. Fiquei tremendo na hora quando vi as viaturas dos bombeiros. Foi próximo da brinquedoteca e da quadra, onde os meninos brincam. Já estamos preocupados e aborrecidos, porque a Cyrela atendeu parcialmente ou não atendeu o pleito dos moradores para que fossem retirados enquanto a obra é feita".

"E estamos no meio de um canteiro de obras. Numa insalubridade total. Nossos filhos estão adoecendo com alergia. Os bichinhos de estimação também está adoecendo, estressados. Sem falar na qualidade de vida. Tenho uma idosa e um filho de três anos em casa", pontuou Tiago. "Já pedimos os registros da obra e eles não mostram. Fizemos denúncia no Crea e não tivemos retorno. Não tem placa dizendo quem é engenheiro e que tipo de obra está sendo feita. E fizemos comentários que foram ignorados e apagados nas redes sociais da Cyrela".

O incidente foi confirmado à reportagem pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará. "Foi por volta das 15h30 de hoje, onde a bandeja de proteção de uma torre do residencial estava em reforma e, provavelmente, devido ao excesso de entulho, cedeu. A construtora responsável assinou um termo de compromisso de reparo emergencial para realizar ajustes. Amanhã (sábado) atualizamos as informações", informou a assessoria dos bombeiros.

Outros casos

Não foi apenas em Belém que uma obra da Cyrela colocou em risco a segurança dos moradores de um condomínio. Em uma reportagem do G1 Maranhão do dia 23 de março de 2018, foi informado que, de acordo com o Ministério Público do Maranhão (MP-MA), investigações baseadas em denúncias de moradores e em relatórios de vistorias realizadas pela Defesa Civil de São Luís, Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação, Corpo de Bombeiros e Conselho Regional de Engenharia constataram diversos vícios de construção que comprometeram a estrutura dos prédios da Cyrela na cidade.

Foram encontrados problemas nos sistemas de proteção contra descarga elétrica, combate a incêndio, abastecimento de água e fornecimento de gás, nas instalações elétricas, além de rachaduras e infiltrações em pilares e paredes do condomínio.

Defesa

Ao longo da noite desta sexta, a reportagem tentou entrar em contato, sem sucesso, com o Crea/PA. Já a Cyrela encaminhou nota à Redação Integrada de O Liberal para prestar o seguinte esclarecimento:

“A Cyrela confirma que, nesta sexta-feira (01), houve uma queda parcial da bandeja de obra durante a revitalização de revestimento das torres do SubCondomínio Jardim Provence, do Condomínio Parque Jardins. A companhia informa que o incidente não teve feridos e que já está tomando todas as medidas necessárias, a fim de garantir a segurança e dar continuidade da execução da obra o mais rápido possível. A empresa reitera que a obra está regulamentada pela CREA do Pará e licenciada na SEURB, órgão responsável pelo controle e fiscalização das construções.

Com intuito de evitar transtornos aos moradores, a Cyrela esclarece que o serviço é realizado por empresa especializada e oferece uma série de medidas de segurança e atendimento direto aos moradores, como uma equipe técnica em tempo integral no local para acompanhamento da obra e serviço de limpeza diário. A empresa ratifica que o condomínio está seguro e permanece à disposição para qualquer esclarecimento.”

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