Demora na liberação de corpos no IML é denunciada por familiares

Espera que pode durar até 20 horas torna situação de luto mais dolorosa

Byanca Arruda
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Familiares que perderam recentemente um ente querido estão enfrentando, além da dor do luto, a angústia da espera para a liberação dos corpos no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, em Belém. A demora, em muitos casos, se prolonga por mais de vinte horas. Na manhã de ontem, por exemplo, a redação integrada do jornal O Liberal recebeu duas denúncias referentes à espera torturante que agrava o sofrimento de quem está se despedindo permanentemente de alguém.

O corpo da assistente social, educadora e coordenadora da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), na Amazônia, Aldebaran Moura, que faleceu na noite da última quarta-feira (5), possivelmente em decorrência de um infarto, permaneceu no IML desde às 22h da quarta até o início da tarde de ontem, aguardando perícia. Foram, portanto, mais de 15 horas de espera, prolongando a agonia de amigos e familiares da educadora.

REVOLTA

Uma irmã de Aldebaran, que mora em Manaus (AM), chegou à capital paraense por volta de 6h de ontem e dirigiu-se imediatamente para instituto médico legal Renato Chaves, onde esperou a liberação do corpo da assistente social por várias horas, sem respostas. Colegas de trabalho da educadora também se mantiveram no IML durante toda a manhã, desorientados pela perda repentina e revoltados com a demora dos procedimentos de autopsia na instituição.

"Independente das justificativas, é uma demora muito longa para a dor dos familiares, não só dela, mas das outras famílias. É bem difícil o processo", explicou, emocionada, uma colega de trabalho da educadora, que preferiu ter a identidade preservada.

Para os familiares da psicóloga Willivane Melo, que faleceu na manhã da última quarta-feira, por volta das 9h, a espera foi ainda mais torturante. De acordo com relatos de parentes, ela teve uma convulsão e, em seguida, uma parada cardíaca. Morreu antes de receber atendimento médico.

O corpo da psicóloga, entretanto, só foi removido no meio da tarde de quarta-feira, por volta das 16h - cinco horas após a sua morte. Depois de dar entrada no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, no entanto, o amargor se estendeu por mais horas. Foi só por volta das 13h de ontem que o corpo da psicóloga finalmente foi necropsiado - quase 24h depois de ser recolhido e encaminhado para o instituto médico legal. "É um descaso com a gente, que já está sofrendo muito. Tem toda a questão da dor, tem essa demora, tem o silêncio e ninguém nos explica nada. Já tem mais de 24h que ela faleceu", reclamou um familiar de Willivane, que também pediu para não ser identificado.

IML RESPONSABILIZA SESPA

De acordo com o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, a realização dos exames de necrópsia em casos de mortes por causas naturais, como foram as de Aldebaran e Willivane, é de responsabilidade da Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa).

Segundo a instituição, é atribuição da Sespa enviar os médicos responsáveis pela autopsia dos casos de SVO (Serviço de Verificação de Óbito) - isto é, de mortes naturais, que também são examinados no IML.

A demora neste procedimento, portanto, seria uma falha da secretaria, argumenta o IML. O
Centro de Perícias Científicas Renato Chaves explicou, ainda, que os médicos do instituto são responsáveis pela realização dos exames nos corpos de vítimas de mortes violentas (por acidente de trânsito ou de trabalho, homicídio, suicídio, dentre outras).

O IML esclareceu, também, que o plantão dos médicos legistas se incia, diariamente, às 8h, e se encerra às 21h. Não há atendimento no turno do final da noite e madrugada.

Em nota, a  Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou esta quinta que o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) tem como objetivo investigar as causas de mortes naturais e funciona em plantão 24h para remoção. Sobre o trabalho legista, a Sespa diz que o procedimentio é realizado durante o dia, nos horários de 7h às 18h. 

A secretaria não se pronunciou com mais detalhes sobre as críticas feitas pelo Centro de Perícias Científicas Renato Chaves ao Serviço de Verificação de Óbitos.

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Belém
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