Corda do 229º Círio chega a Belém; são 800 metros e 900 quilos
Um dos mais tradicionais elementos da Festa de Nossa Senhora de Nazaré será dividido entre as 95 paróquias da Arquidiocese de Belém
Nesta quinta (16), a Corda do 229º Círio chegou a Belém e foi apresentada ao público nesta quinta-feira (16). É um dos principais ícones da festividade, que normalmente seria usada nas duas maiores e mais tradicionais procissões: o Círio e a Trasladação. O item sagrado tem 800 metros de comprimento e pesa cerca de 900 quilos.
Por conta das mudanças que permanecem este ano no Círio, com a ausência das procissões e da Imagem Peregrina nas ruas, a corda será apenas exposta. Mais especialmente, para que os fiéis que fazem seus pagamentos de promessas com ela, possam cumprir com a devoção, ainda que de um jeito diferente.
Uma parte da corda deste ano ficará em exposição em alguns locais da cidade, que ainda serão definidos pela Diretoria da Festa de Nazaré (DFN). A outra seguirá uma programação definida pelo arcebispo metropolitsano de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa, entre as 95 paróquias de Belém. No sábado, dia 25, a partir das 14h30, a corda será vistoriada pela DFN, no colégio Santa Catarina.
Sobre a partilha da corda e exposição do elemento religioso, o diretor coordenador da festa, Albano Martins explica que entendem que desde o ano passado essa tradição da corda não pode ser quebrada e que: "ela tem que vir a Belém, tem que estar aqui conosco. Este ano estamos com a estação Padre Luciano Brambila inaugurada e onde ficará exposta... Estamos recebendo os pedidos e verificando as possibilidades. E mais uma vez também vamos proceder assim como determinou D. Alberto: vamos repartir essa corda para as paróquias da região metropolitana de Belém como já foi feito no passado no domingo do Círio que em cada paróquia houve uma missa... A corda será repartida 96 pedaços que são equivalente a 96 paróquias da arquidiocese de Belém. Aqui estação acredito que a visitação será a partir de segunda-feira, até o dia 25, quando ela será levada ao Colégio Santa Catarina para medição", explicou o diretor diretor coordenador.
O Grupo "Amigos da Corda" reúnem mais de 200 pessoas que se voluntariam para auxiliar os promesseiros ao longo dos percursos da trasladação e Círio. Carla Vanessa Ferreira participou da cerimônia de recebimento da corda e, emocionada, disse que a gratidão a Nossa senhora de Nazaré continua e que não poderiam ficar sem tocar na corda e levar a mensagem aos demais amigos do grupo: "faz dois anos que a gente não tá na procissão de Nossa senhora e não toca na corda. Muita gente se foi nesta pandemia. É um privilégio muito grande estar aqui, já que nós perdemos amigos... Mas a nossa fé não muda, cada ano aumenta. Os pedido desse ano estão voltados a cura conta contra da covid-19. Estamos aqui representando o nosso grupo. Um momento muito emocionante e gratificante", diz a promesseira.
Mário Tuma Jr, diretor de procissões acredita que mesmo sem o Círio aos moldes tradicionais que, assim como o ano passado, neste ano as pessoas estarão na rua. Mas orienta e apela para que a população fique em casa: "número das pessoas que vão para rua vai dobrar. Essa é a preocupação dos órgãos de saúde, da festa, por isso que todas as romarias foram assim remanejadas. Nós não podemos fazer começar a fechar as vias, porque isso denotará a procissão do Círio e não haverá. A orientação para população, e eu imploro, que as pessoas fiquem em casa, em suas janelas. Todo o percurso será televisionado. Faça suas orações, não saiam de casa. Essa doença continua. Nós temos certeza que nossa senhora vai estar no coração de todos", comenta o diretor.
A corda foi produzida em Santa Catarina, como nos anos anteriores. A empresa responsável é a Itacorda e a Expresso Vida Transporte foi a responsável pela chegada em Belém. Todos os anos, é uma doação, geralmente anônima. Neste ano, o patrocínio é do Banpará.
A corda passou a fazer parte do Círio em 1885, quando uma enchente da Baía do Guajará alagou a orla desde próximo ao Ver-o-Peso até as Mercês, no momento da procissão, fazendo com que a berlinda ficasse atolada e os cavalos não conseguissem puxá-la. Os animais então foram desatrelados e um comerciante local emprestou uma corda para que os fiéis puxassem a berlinda.
Desde então, foi incorporada às festividades e passou a ser o elo entre Nossa Senhora de Nazaré e os fiéis.
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