Belém é a sétima capital em atividade física insuficiente, aponta pesquisa do Ministério da Saúde

Capital paraense também figura entre aquelas com maior índice de sobrepeso no Brasil

Dilson Pimentel

Belém é a sétima capital em atividade física insuficiente. E, em nível nacional, quase seis em cada dez brasileiros (57,25%) estavam com sobrepeso em 2021. O índice representou uma oscilação negativa pequena em relação ao ano anterior, quando ficou em 57,5%. Antes da pandemia, em 2019, a taxa era menor, de 55,4%.

Quando comparadas as capitais, as com maiores índices de sobrepeso eram Porto Velho (64,4%), Manaus (63,4%), Porto Alegre (62%), Belém (61,2%) e Rio Branco (60,3%). Os dados estão na pesquisa "Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2021”, realizada pelo Ministério da Saúde.

Camila Rodrigues Neiva, professora do curso de educação física da faculdade Uninassau, lembrou que na pandemia, que começou em 2020, houve esse momento de isolamento da população. Além disso, a covid traz algumas insuficiências no corpo de quem teve a doença. E muitas pessoas, então, passaram a se afastar das atividades físicas.

A professora Camila diz ser importante a pessoa praticar uma atividade física que seja prazerosa para ela. “Você tem que buscar aquilo que realmente gosta de fazer, porque a atividade física tem que fazer parte do nosso dia a dia”, disse. “A partir do momento em que a gente busca aquilo que a gente gosta, você vai atrás das suas limitações. Se eu tenho um problema na coluna, e eu gosto da prática do voleibol, vou fazer uma atividade de alongamento, que vai estabilizar, para que eu ingresse nessa mobilidade, para que eu consiga realizar a prática física e ao mesmo tempo observando as minhas limitações”, afirmou.

image Seja em academia ou ao ar livre, a prática da atividade física faz bem à saúde e melhora o desempenho das tarefas diárias, diz a professora Camila Neiva (Thiago Gomes/O Liberal)

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Inimigo da atividade física é fazer algo por obrigação, diz professora

Vai depender de cada pessoa escolher se os exercícios serão feitos em academias ou ao ar livre. “A diferença está no seu prazer, no que você quer fazer. O inimigo da atividade física é a gente não gostar, fazer por obrigação. A partir do momento em que você procura aquilo que você gosta, você passa a ser incentivado por aquela prática. Não estou fazendo por obrigação. Eu me sinto mais à vontade de estar naquele ambiente e vou fazer porque faz parte da minha rotina da minha vida”, explicou.

Para quem nunca fez atividade física, e quer começar agora, a professora orienta que se procure, antes, um médico, para avaliar o estado de saúde da pessoa. Essa iniciativa é importante para saber quais as limitações físicas e o tipo de atividade indicado para aquele indivíduo. “Será que seria em um alongamento inicial? Você poderia entrar em umas atividades aeróbicas, para começar a despertar sua área muscular, até porque a gente não pode buscar atividades que vão trazer lesões, complicações dentro dessa prática. A gente precisa buscar esse despertar do corpo, por meio de alongamento, dança, atividades mais voltadas para essa movimentação do corpo inteiro”, explicou Camila.

A professora acrescentou: “A prática da atividade física traz esse convívio social. Ele trabalha a nossa trinca - a questão psicológica, afetiva e a física. É importante essa prática não só pela questão da qualidade física: ‘ah, quero ficar com o corpo mais bonito’. Mas é mais pela qualidade de vida, pela forma como você vai conduzir o seu dia a dia”.

Vinícius Araújo, acadêmico do sétimo semestre de educação física, de 26 anos, fala sobre a importância da educação física ser iniciada desde cedo, pois “agrega vários benefícios à saúde”. Melhora o rendimento da pessoa nas atividades diárias e previne doenças. “A pessoa deve procurar um exercício, uma atividade física que seja prazerosa. Acho que isso gera bastante resultados”, afirmou.

image O vigilante Elton Almeida se exercita ao ar livre, em torno do Bosque Rodrigues Alves, e também em academia: “É importante para a manter a saúde, o preparo físico e, como eu pratico esportes, ajuda muito” (Thiago Gomes/O Liberal)

O vigilante Elton Almeida tem 36 anos e pratica atividade física há mais de 15. Ele se exercita ao ar livre (em torno do Bosque Rodrigues Alves) e também em academia). “É importante para a manter a saúde, o preparo físico e, como eu pratico esportes, ajuda muito”, disse. “Ao ar livre você tem mais contato com a natureza, isso facilita também a tua respiração. Mas acho importante também na academia”. Para quem nunca praticou uma atividade física, ele sugere que a pessoa comece devagar, ao ar livre, com uma caminhada. Depois, e em um segundo momento, pode arriscar uma corridinha. “Fortalecer o músculo na academia também é muito importante”, afirmou Elton.

A redução do convívio com outras pessoas deixou que o prazer ficasse muito mais concentrado na comida


A nutricionista esportiva e comportamental Jamilly Costa analisa alguns fatores que envolvem a pandemia, que são saúde, economia, social e psicológico. Esses fatores são de grande relevância na contribuição do aumento da obesidade de 2019 para cá. “Principalmente o psicológico. Segundo uma pesquisa on-line realizada pelo Ministério da Saúde, o transtorno de ansiedade é a doença psíquica mais prevalente entre os brasileiros. As consequências desse transtorno podem ser variadas, entre elas, o aumento no consumo alimentar, transformando a comida em uma forma de alívio para a ansiedade”, disse.

O social também está relacionado à ansiedade, pois a redução do convívio com outras pessoas, que geralmente, são momentos prazerosos, deixou que o prazer ficasse muito mais concentrado na comida. Toda a crise na área da saúde por falta de leitos, oxigênio, o medo de perder um familiar ou amigo, piorou o estresse da população. O cortisol, hormônio do estresse, elevado contribui para o aumento de gordura corporal de forma fisiológica e psicológica, explicou.

Neste segundo ano de pandemia, os preços de alimentos e combustíveis aumentaram absurdamente, com destaque para as carnes, tanto vermelha quanto a branca. “Esse cenário leva a população a consumir mais alimentos industrializados, que são mais baratos e de alta densidade energética. Reduzindo ainda mais o consumo de alimentos saudáveis, mas que não são prioridade de grande parte da população, como as frutas, legumes e verduras”, afirmou Jamilly Costa.

O contraditório é que, apesar do aumento do “fitness” com o número de academias, restaurantes do ramo, a busca por informações e páginas em aplicativos, a obesidade vem crescendo, inclusive, dobrou de 2003 a 2019 de 12,2 para 26,8 (Ministério da Saúde). Isso mostrou que, apesar de ter aumentado o consumo de alimentos saudáveis, o consumo de alimentos ultraprocessados e fast-food também aumentou, além da redução da mobilidade devido à internet e aplicativos.

Ainda segundo a nutricionista, a orientação nutricional deve ser baseada no Guia Alimentar para População Brasileira, onde se preconiza maior ingestão de alimentos in natura, redução no consumo de açúcar, gordura e sal, comer com atenção, não comer com pressa e fazer sua própria refeição. "Essas orientações são baseadas nos dez passos para uma alimentação saudável", disse.

10 dicas para uma alimentação saudável:


1. Priorize alimentos in natura ou minimamente processados​

Alimentos in natura (como frutas, verduras, legumes, ovos e carnes) ou minimamente processados (como leite, farinha, frutas secas, castanhas) são a base ideal para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável.

2. Utilize óleo, sal e açúcar com moderação

Ao preparar ou temperar refeições, utilize pequenas quantidades de óleos, gorduras, sal e açúcar. Se o uso for moderado, esses ingredientes culinários contribuem para deixar a alimentação mais saborosa sem torná-la nutricionalmente desbalanceada. 

3. Limite o consumo de alimentos processados

Os ingredientes e métodos usados na fabricação de alimentos processados – como conservas de legumes, compota de frutas, pães e queijos – alteram de modo desfavorável a composição nutricional dos alimentos dos quais derivam. Por exemplo, um pepino em conserva não é tão saudável quanto o vegetal in natura. Em pequenas quantidades, podem ser consumidos como ingredientes de receitas ou parte de refeições, mas não abuse!

4. Evite o consumo de alimentos ultraprocessados

Alimentos ultraprocessados (como biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes e  macarrão instantâneo) são nutricionalmente desbalanceados. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos mais saudáveis. Suas formas de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente.

5. Coma com regularidade e atenção

Procure fazer suas refeições em horários semelhantes todos os dias e evite “beliscar” nos intervalos entre as refeições. Coma sempre devagar e desfrute o que está comendo, sem se envolver em outra atividade, assistir TV, por exemplo. Procure comer em locais limpos, confortáveis e tranquilos e onde não haja estímulos para o consumo de quantidades ilimitadas de alimento.

6. Compre alimentos na feira

Procure fazer compras de alimentos em mercados, feiras livres e de produtores e outros locais que comercializam variedades de alimentos in natura ou minimamente processados. Prefira legumes, verduras e frutas da estação e cultivados localmente. Sempre que possível, adquira alimentos orgânicos e de base agroecológica, de preferência diretamente dos produtores.

7. Cozinhe

Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhá-las, principalmente com crianças e jovens, de todas as idades e gêneros. Se você não sabe cozinhar, procure aprender. Para isso, converse com as pessoas que já sabem, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet, eventualmente faça cursos e... bote a mão na massa!

8. Planeje as compras e o preparo das refeições

Planeje as compras de alimentos, organize a despensa doméstica e defina com antecedência o cardápio da semana. Divida com os membros de sua família a responsabilidade por todas as atividades domésticas relacionadas ao preparo de refeições. Reavalie como você tem usado o seu tempo e identifique quais atividades poderiam ceder espaço para a alimentação.

9. Evite fast-food

No dia a dia, procure locais que servem refeições feitas na hora e a preço justo. Restaurantes de comida a quilo podem ser boas opções, assim como refeitórios que servem comida caseira em escolas ou no local de trabalho. Evite redes de fast-food.

10. Seja crítico com a publicidade de alimentos

Lembre-se de que a função essencial da publicidade é aumentar a venda de produtos, e não informar ou, menos ainda, educar as pessoas. Avalie com crítica o que você lê, vê e ouve sobre alimentação em propagandas comerciais e estimule outras pessoas, particularmente crianças e jovens, a fazerem o mesmo.

 Fonte: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e Guia Alimentar para a População Brasileira

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