Batedores de açaí convocam manifestação para dia 17 pela falta do fruto

Consumidores estão encontrando açaí com qualidade mais baixa e pontos fechados devido não só à entressafra, mas também a uma movimentação de mercado considerada abusiva

Victor Furtado
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Faz algumas semanas que consumidores de açaí vêm reclamando, nas redes sociais, que o produto está ficando caro, difícil de achar e com uma qualidade mais baixa. Há pontos de venda que estão ou fechando mais cedo ou estão fechados por tempo indeterminado. Os batedores artesanais confirmam que não é mera impressão. Essas condições são esperadas no período de inverno, entressafra do produto, mas não como neste ano. A situação está tão ruim que os trabalhadores do segmento estão convocando, para o próximo dia 17, um ato para cobrar medidas que regularizem o trabalho e devolvam o açaí aos paraenses.

Heron Almeida, batedor artesanal de açaí e instrutor de boas práticas do segmento, explica que a ganância de fornecedores do Amapá está massacrando, principalmente, os pequenos comerciantes. As embarcações amapaenses, que vêm carregadas do fruto, destinam a maior parte para empresas grandes. O que sobra, é "leiloado" para quem conseguir pagar mais. Uma saca de açaí (60 a 70 quilos) custa, em condições minimamente normais, R$ 400. Os preços estão chegando a R$ 650 ou mais neste momento, um dos fatores que está levando consumidores de Belém a ficar sem um alimento cultural.

"Temos muitas pessoas que estão paradas ou endividadas, pois não conseguem trabalhar com preços assim. A alternativa seria recorrer ao açaí das ilhas, mas esse custa o dobro do preço e também está na entressafra. Sem fiscalização, tem até fornecedores vendendo medidas fora dos padrões e pelo mesmo preço. é algo de oferta e procura. Se nada for feito para intervir nessa situação, somente vamos ter uma melhoria no cenário de agosto em diante. Isso é muito tempo. Por isso estamos convocando essa mobilização, que já deve contar com mais de 400 trabalhadores do açaí", diz Heron.

Nas redes sociais, O Grupo Liberal está fazendo uma enquete: "o açaí sumiu de sua mesa?". Participe!

 

 

Não era nem 12h desta sexta-feira (14) e o senhor Benedito Paulinho, de 54 anos, rodou todo o bairro da Pedreira procurando açaí. Não encontrou. "Tenho sentido falta do preço e do açaí. O nosso melhor açaí viaja para fora e ficamos sem. Tá difícil encontrar esses tempos", lamentou ao sair do último ponto onde tinha esperança de encontrar o açaí pronto para o almoço.A manifestação deve ocorrer, a partir das 6h do dia 17 (segunda-feira), na praça do Relógio, perto de um dos principais entrepostos de comercialização de açaí, que é o complexo do Ver-o-Peso. Há muito tempo os trabalhadores já falavam que as exportações sem políticas públicas iriam fazer o produto encarecer, se tornar inacessível e afetar uma cultura alimentar do povo paraense. Esse fenômeno pode ter consequências econômicas e culturais.

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