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Terreiros paraenses celebram Iemanjá neste final de semana

Data culmina com as festividades de Nossa Senhora da Conceição, historicamente representativa da deusa africana. Cada religião saúde Iemanjá em datas e formas diferentes

Victor Furtado
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Neste domingo (8) é um dos dias de Iemanjá, uma divindade das religiões de matriz africana. Também é o dia de Nossa Senhora da Conceição. Historicamente, a santa católica representou o papel da deusa e rainha das águas para os escravos africanos. Foi a única forma de manter a fé tradicional viva e escapar da repressão religiosa de um Brasil escravocrata. Para este ano, a mensagem das festividades é amor, respeito e fraternidade entre todas as religiões, classes sociais e etnias.

Iemanjá não é só associada às águas salgadas. É símbolo da força feminina, da maternidade, da luz, da vida, da renovação e da purificação. Há significados, simbologias, mitos e características específicas para cada linha das religiões de matriz africana. No Brasil, Iemanjá é venerada na Umbanda, no Candomblé e no Tambor de Mina. Por isso, há celebrações em datas distintas: 8 de dezembro e 2 de fevereiro. Mas pela característica maternal da divindade, em maio, mês das mães, há outras celebrações.

Em Belém, as celebrações são variadas. Há grandes festividades em Mosqueiro e Outeiro, além de rituais em cada terreiro. No conjunto Pedro Teixeira, a casa da mãe Rosângela de Abê Acossú começou as festividades no dia 1º de dezembro. Todas as comemorações são pautadas pelo sincretismo religioso (equiparação das divindades de diferentes religiões). Terços e rosários são rezados diariamente. E há as obrigações, que são oferendas com frutas, bebidas, perfumes...

image (Fábio Costa / O Liberal)

Neste sábado (7), de 9h às 12h, a casa da Mãe Rosângela promove o tambor das princesas de Iemanjá. Depois é servido um almoço. No domingo, às 18h, é feita a procissão de Nossa Senhora da Conceição e de Iemanjá. Ambas as divindades são homenageadas com fogos e orações. Ao final, a Ialorixá recebe Iemanjá para finalizar as festividades, ser reverenciada e dar as mensagens. Há ainda um ritual específico, num Quarto do Segredo. É um momento muito íntimo e sagrado entre a deusa e a hospedeira.

"Essa proximidade entre as duas deusas é histórica. Minha avó de santo, no Maranhão, uma vez me contou que os escravos resistiam e mantinham a fé viva assim, reverenciando, como se fossem católicos, Nossa Senhora da Conceição. Iemanjá aceitou aquela forma de ser representada por amor aos filhos dela, sem se importar. Assim como Ogum aceitou ser representado por São Jorge. Encerraremos nosso ano no dia 13 de dezembro. Recomeçamos  Dia de Reis (6 de janeiro), com homenagens a Oxalá (sincretizado como Jesus Cristo)", diz a mãe de santo e Rainha do Tambor de Mina do Pará.

Há religiões ou terreiros que fazem as homenagens à Iemanjá nas águas de Outeiro ou Mosqueiro. Preparam barcos e cestos (chamados de balaios) com oferendas e deixam a maré levar. Algumas dessas ofertas ocorrem à noite ou de madrugada.

Por fim, Mãe Rosângela declama a mensagem de Iemanjá para a festividade deste ano: "Não só o povo do culto afro... toda a humanidade precisa de amor e respeito dentro de si, independente de culto, crença, cor, raça ou situação econômica. Precisamos ser fraternos e amigos. Caridade sempre nos campos social, religioso e econômico. Onde houver isso, haverá progresso moral, prosperidade e luz", concluiu.

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