Abuso sexual contra crianças: fique atento aos sinais

Psicóloga alerta responsáveis sobre possíveis mudanças no comportamento dos pequenos que podem denotar violência

João Thiago Dias
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No próximo sábado, 18 de maio, é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Para alertar pais e professores sobre como identificar no comportamento das crianças os possíveis indícios de abuso sexual, a psicóloga e psicopedagoga Giselly Zahn compartilha algumas dicas. Em Belém, ela atua como voluntária nos atendimentos do projeto educativo e de prevenção contra o abuso e a violência doméstica "Quebrando o Silêncio", promovido anualmente, desde 2002, pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em oito países da América do Sul (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai).

"A primeira coisa que os pais precisam observar é a mudança de comportamento da criança. Pode mudar de forma repentina. Ela pode ser alegre e começar a ser mais quieta sem querer se envolver mais com os colegas. Ou o contrário. Pode ser mais quieta e ficar mais extrovertida ou irritadiça. Não deixa ninguém de aproximar", explicou Giselly. Muitos casos acontecem dentro das próprias famílias. "Talvez não diretamente com pai e mãe, mas com tio, avô, primo de idade mais avançada".

Na escola também pode ser percebida mudança extrema no comportamento, mas deve-se observar a questão acadêmica. "A criança pode ter regressão de aprendizagem. Ela sabia determinados conteúdos e esqueceu. Ia bem nas provas e passa a ter choros repentinos. Isso associado às mudanças comportamentais. Pode ter facilidade de interação no recreio e passa a ficar mais quieta em um canto", esclareceu. "Devemos acolher. Sempre tem alguém na escola com quem ela se abre mais. Deixar ela à vontade para falar".

A proximidade excessiva também deve ser observada por pais e responsáveis. Na maioria dos casos, a vítima pode agir de duas formas: rejeitar o abusador ou se apegar a ele como se fosse um refúgio. "Ela pode ser abusada por alguém muito próximo. Proximidade com pessoas que não tinha tanto contato. Querer sentar no colo", observou a psicóloga. "E é comum que ela sinta medo de relatar os abusos com sentimento de culpa, porque a voz do adulto é muito forte na cabeça dela. Tem técnicas que podemos utilizar para que ela diga, como desenhos, expressões, choro repentino, o silêncio".

Outro forte indício de violência sexual infantil é a regressão. Quando há uma criança que perde a capacidade de alguns hábitos que já tinha aprendido. "Vamos supor uma de dez anos que já conseguia realizar seus hábitos de higiene, dormir sozinha, não fazer xixi na cama. Ela não consegue mais isso. Pode voltar a chupar dedo, voltar a falar como criança, se vitimizar, não conseguir segurar para ir ao banheiro. Com hábitos mais infantis que os da própria idade", pontuou Giselly.

E as marcas de traumatismo físico são alarmantes. Segundo a psicóloga, roxuras, dores, arranhões e qualquer outro tipo de lesão podem ser consequências do abuso. "Dor na perna, no braço. Nas meninas, dores na genitália. Elas comentam que sentem dor. Abuso sexual sempre vem acompanhado de outros tipos de maus tratos. Pode ter até negligência por parte da mãe, que tem medo de perder o parceiro. A estrutura familiar fala muito. Por isso é importante que as escolas conheçam a realidade dos alunos", sugeriu.

Em 2019, a prevenção do abuso sexual contra crianças e adolescentes é a ênfase do Quebrando o Silêncio. São produzidos materiais específicos que falam na linguagem infantil e infanto-juvenil, além de revistas com relatos e orientações de profissionais para crianças, adolescentes e adultos. "Serão distribuídos nas escolas e igrejas, onde também realizamos palestras. Em agosto, intensificaremos essas programações e, no dia 24 deste mesmo mês, no espaço Coqueirão, no bairro do Coqueiro, realizaremos um fórum para instituições que atuam nessa área de proteção infantil", concluiu a psicóloga. 

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