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Motorista de aplicativo ajuda num parto dentro do carro

Filipe Mota contou a história nas redes sociais e emocionou muita gente

Victor Furtado / Redação Integrada de O Liberal

O motorista de aplicativo Filipe Mota ajudou uma jovem no parto, que ocorreu dentro do carro. Uma das muitas experiências transformadoras que esses trabalhadores têm com frequência. Foi há cerca de um mês. Porém, só contou a história quando soube que a empresa para a qual dirige deu todo o suporte à mãe após o parto. Algo que ele queria fazer, mas não conseguiu.

Filipe conta que trabalha pela manhã. Ao meio-dia, já pensando em encerrar, recebeu um chamado na avenida Pedro Álvares Cabral. A usuária do aplicativo chamou para outra pessoa. Era uma moça que embarcou com a ajuda da mãem, que tinha uma deficiência na perna. Chovia bastante e a jovem estava enrolada num lençol. O destino da corrida seria a Fundação Santa Casa de Misericórdia.

Naquele momento, pelo fato de a moça estar enrolada num lençol, nem percebeu que estava grávida. Em determinado ponto da viagem, ela deu um grito. Ele se assustou e ficou desconcertado. Diz que fez uma pergunta que ele agora considera besta. "Você está com alguma dor?". A passageira disse que estava com dores "lá em baixo". Não querendo se intrometer na intimidade, suspendeu a conversa. Mas acelerou rumo ao hospital.

Faltava pouco para chegar. A estimativa do GPS era de 10 minutos. Foi quando a jovem disse "minha bolsa estourou". Foi um susto imediato e Filipe disse ter buscado na memória tudo o que sabia sobre partos. "Lembrei que entre o rompimento da bolsa e o parto em si leva algum tempo", conta. Mas o conhecimento empírico de nada valeu. Em cinco minutos após o chocante comunicado, saía um menino.

Filipe nem teve tempo de pensar em nada. Fez tudo o que podia e chegou à maternidade da Santa Casa. Saiu correndo do carro e pediu ajuda. Rapidamente, médicos e enfermeiros acolheram a jovem mãe. O corte do cordão umbilical foi ainda dentro do carro. A jovem, a mãe dela e a criança foram levadas para dentro. Do lado de fora, o motorista era sabatinado para saber como aquilo havia ocorrido. "Sou só um motorista de aplicativo", explicava Filipe.

À tarde, ele então fez o relato para a empresa do aplicativo para a qual trabalha. "Avisei que não queria cobrassem nada dela. Percebi que eram pessoas humildes e talvez não tivessem recursos", diz o motorista. A empresa disse que não faria, afinal, tinha sido algo natural. Após se reportar, disse que percebeu que poderia ter feito mais. Saiu, junto com a esposa dele, atrás da jovem parturiente.

Quando chegou à Santa Casa, o plantão havia encerrado e já eram outros servidores. Ninguém sabia da história e nem conseguia identificar. Nem o Serviço Social ajudou. Triste, voltou para casa, pensando que tinha perdido a oportunidade de ajudar alguém. Não que ele não tivesse ajudado, conduzindo a jovem em segurança até o hospital, o mais rápido que podia.

Na semana passada, a empresa o chamou para comparecer na sede do aplicativo, em Belém. Quando entrou, várias pessoas começaram a aplaudir. Entregaram uma caixa com um presente e uma carta de agradecimento pelo serviço. A empresa também havia dado alguns presentes à moça.

"Eles disseram que tinham levado presentes, materiais e deram um buquê de flores para ela. Fizeram por ela o que eu queria fazer e disseram que eu já tinha feito a minha parte. Só soube que o nome dela era Vitória e que ela estava agradecida. Fiquei feliz e então compartilhei a história. Peguei um susto ao ver tamanha repercussão. Repercussão que espero que possa nos colocar em contato para eu conhecê-la e visitá-la. Quem sabe?", diz Filipe.

O motorista concluiu a história dizendo que não acredita que o que fez foi algo tão surpreendente. "A sociedade, muitas vezes, se impressiona com algo que deveria natural em nossas atitudes", pontua. Diz que toda a história pela qual passou deveria ser feita por qualquer pessoa no lugar dele. "Esse tipo de coisa me motiva. Um país não se desenvolve só com dinheiro. É na mentalidade e na postura também".

Belém